São muitas as opiniões sobre ensino à distância. Especialistas, Educadores, Legisladores, a própria população e usuários dos sistemas de EaD divergem sobre sua eficácia e métodos utilizados. Acho que todas estas opiniões incluindo as críticas tem razão. Questionar algo é muito perspicaz e faz parte do processo de construção do conhecimento de qualquer indivíduo quando este se coloca como sujeito ou parte do processo de aprendizagem.
Me sinto inquieto quando vejo pessoas questionarem o EaD sem que ao menos conheçam do que estão falando. Também discordo dos que defendem fervorosamente esta modalidade de ensino sem aceitar que existem muitos problemas a serem resolvidos.
Acho que o primeiro passo é entender que estamos passando por um processo de transformação dos meios de comunicação e isto inclui o educador já que este faz parte do processo de “comunicação(1)”. Pierre Lévy, em seu livro Cibercultura, introduz alguns conceitos fundamentais para que possamos compreender melhor o que está acontecendo nos dias de hoje. É uma leitura que creio ser obrigatória antes de qualquer questionamento sobre EaD. Abaixo está uma entrevista com Lévy que resume bem o que o autor pensa sobre estas mudanças. Gostei muito de sua última fala:
"Não se trata de se adaptar às tecnologias… mas de acompanhar a mutação da civilização global."
Como sugestão, devemos observar que em meio a inúmeras opiniões divergentes e convergentes sobre o Ensino mediado por tecnologias, nós devemos construir nossa própria opinião equilibrando todos os pontos de vista com uma certa dose de bom senso e baseado nas teorias e nos autores que se enquadram melhor em nossa “maneira de ver o mundo.”
Enquanto isso, aceitar ou repudiar uma crença, raça ou tecnologia baseando-se só na opinião de “outras pessoas” é, sem sombra de dúvida, mais um preconceito que impede nosso desenvolvimento humano e social.
Notas de Rodapé:
(1) – CONCEITO ETMOLÓGICO – comunicação vem do latim “communis”, comum; idéia de comunhão, comunidade; comunicar significa tornar comum, estabelecer comunhão, participar da comunidade, através do intercâmbio de informações.
Texto construído com base no material “Características da EAD”, “EAD Vantagens e Desvantagens” e “Ambiente Virtual de Aprendizagem” fornecido no curso de capacitação da UNIVESP em parceria com o Centro Paula Souza. (Agosto/2010)
Inicio meus comentários fazendo alguns recortes do texto “Características da EAD”:
“…para que ocorra a aprendizagem não há necessidade de alunos e professores compartilharem o mesmo espaço físico em um mesmo momento…”, sendo assim, “…os alunos de EaD precisariam desenvolver uma capacidade de autonomia e independência em seus estudos, ao mesmo tempo em que sejam capazes de lidar bem com a ansiedade do estudo solitário…”
Concordo plenamente com estes conceitos, mas acreditar que só pelo fato dos nossos jovens estarem aptos a utilizar as novas tecnologias de comunicação os tornam aptos a cursar disciplinas no sistema EAD eu acho um pouco presunçoso demais. Por melhores e mais desenvolvidas que sejam as ferramentas, o indivíduo (aluno) deve estar preparado para assumir sua própria educação e neste caso eu acho que nosso sistema educacional tradicional contribuiu para criar um paradigma de que só há educação na escola (física) e que sempre há necessidade de um Professor (presente) para que haja educação. Desde a época de nossos avós e bisavós se acreditava que “só se aprende na escola”. Em minha opinião, é este paradigma que deve ser quebrado e o ponto chave é esta consciência individual de que todos nós podemos aprender independente dos espaços físicos, ambientes e ferramentas.
Já existem diversos movimentos que seguem neste caminho da “auto-aprendizagem” ou do aprendizado contínuo que perpassa os muros da escola convencional. Entre eles posso citar o movimento conhecido no Brasil como “Escola Nova” influenciada pela corrente progressivista de John Dewey ou outras linhas de pensamento como a piagetiana e montessouriana. Um Bom exemplo destas novas linhas de pensamento em educação é a escola Lumiar “…que valoriza a aprendizagem significativa, a convivência democrática e a autonomia de cada indivíduo…”, veja mais em http://www.lumiar.org.br.
Dentre os termos mais utilizados em EAD eu aprecio muito o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem. Este termo, se levado ao pé da letra, me faz pensar em um local, não físico, onde é desenvolvida a aprendizagem, mediada ou não. Isto me parece o mais próximo de uma realidade em Educação á Distância pois gosto de pensar que o ambiente está lá, se eu ou o aluno vamos “entrar” para “aprender” algo é outra história.
Desta forma, enquanto não cultivarmos esta consciência coletiva sobre “educação sem fronteiras” acho que as vantagens das ferramentas de EAD não superam a contento as desvantagens ou os problemas que ela trará.
Uma coisa me parece clara, estamos no caminho certo, e quando conseguirmos “derrubar os muros” da escola tradicional e vencer este paradigma educacional, aí sim o EAD poderá se tornar uma poderosa aliada na construção do conhecimento.
(Comentário ao texto “Conceitos Básicos de EAD” de Eduardo Chaves, apresentado na Capacitação em EAD da UNIVESP em parceria com o Centro Paula Souza)
Concordo plenamente com Eduardo Chaves quando ele coloca a dicotomia entre ensino e aprendizagem. O ensino é uma ação que pode ou não resultar em aprendizagem.
O livro, como o próprio Chaves menciona, foi o primeiro recurso de EAD que nós tivemos acesso e desde então a única coisa que mudou foi o alcance propiciado pelas tecnologias e variações de divulgação dos "conhecimentos enlatados", as práticas pedagógicas, a metodologia e a didática continuaram as mesmas. Com a massificação das comunicações, educadores que apenas se adaptaram as novas tecnologias não conseguem seguir o ritmo dos jovens de hoje, pois estes estão em constante mudança de paradigmas e de tecnologias, ansiando por inovações a um ritmo frenético. Neste ambiente, professores que apenas transcrevem seu material para o PowerPoint e "passam por e-mail" mas continuam a lecionar da mesma maneira que a 20 anos atrás, não atingem as expectativas dos alunos e portanto não conseguem a atenção necessária para a efetivação da aprendizagem. Nas palavras de Eduardo Chaves "A escola, como a conhecemos, representa um modelo de promoção da educação calcado no ensino, que foi criado para a sociedade industrial (em que a produção em massa era essencial) e que não se adapta bem à sociedade da informação e do conhecimento – na verdade é um obstáculo a ela ."
Nesta mesma linha de pensamento, Piaget afirma que o sujeito da aprendizagem (aluno) é um ser ativo e que para haver apropriação dos conhecimentos este sujeito precisa estabelecer uma relação de troca com o ambiente ou objeto, num sistema de relacionamento vivenciado e significativo, uma vez que a aprendizagem (para Piaget) é o resultado de ações do indivíduo sobre o meio em que vive. Desta maneira, se não houver uma relação forte, não haverá uma aprendizagem significativa.
Neste sentido, ainda fico um pouco “desconfortável” com o modelo de educação AMT (Aprendizagem Mediada pela Tecnologia) colocado por Chaves pois continuo com a convicção de que apenas a mediação da tecnologia não garante o aprendizado.
Em relação a questão abordada no texto: "São o Ensino Presencial e o EAD Equivalentes?"
Em termos de "ensino", como foi definido no texto, ambos são equivalentes pois só estou alterando o canal, o meio de comunicação, mas devemos pensar não só no processo mas também nos objetivos da educação e nos resultados esperados. Se o resultado esperado é a apropriação dos conhecimentos pelos alunos, então esta discussão terá de esperar mais alguns anos a fim de que possamos ter dados e argumentos suficientes para analisar se o ensino presencial e o EAD são realmente equivalentes.
Concluindo, acho que os alunos deveriam se sentir motivados em participar de um ambiente escolar, em outras palavras, deveriam "ter vontade, sentir prazer em frequentar a escola” e não apenas acordar cedo para ir "por obrigação" a um ambiente onde ele não se sintam bem. Esta motivação, em minha opinião, só ocorrerá quando as práticas acadêmicas deixarem de ser tão “industrializadas e padronizadas” e os modelos de ensino permearem mais os novos conceitos de flexibilidade, abrangência e metodologias atraindo e aproximando o sujeito (aluno) do objeto (ensino). Isto tudo pode ser auxiliado pelas ferramentas ead desde que todos os envolvidos neste processo tenham consciência dos objetivos a serem alcançados.
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