Tempos Modernos da Educação

modern-times026 Hoje em dia tudo acontece muito rápido. As constantes mudanças nos meios de produção nos permitem aumentar a produtividade e a capacidade de criar bens e serviços cada vez mais dinâmicos e pertinentes a uma sociedade ansiosa por inovações. Tudo está em movimento, desde a indústria, o comércio, as relações sociais, a diplomacia, a política, os serviços enfim, o homem está vivendo uma evolução nunca antes imaginada. Em meio a este cenário a única coisa que me parece não ter seguido a mesma “onda evolucionária” é a educação. Há mais de 60 anos que vivemos um modelo de educação baseada na revolução industrial e este arcabouço educacional há muito deixou de suprir nossos anseios e necessidades sociais. O padrão de ensino que vivemos até hoje me faz lembrar o filme “Tempos Modernos” onde o professor vive a alienação de seu trabalho docente. Imagino o professor no papel de Chaplin, frente a uma esteira estudantil, “ensinando” freneticamente sem nenhum desvio de padrões, sem criatividade, sem emoções, apenas transmitindo sua força de trabalho “amarrada” a currículos, leis, modelos e um sistema que para os dias de hoje está ultrapassado.

Do outro lado existem as várias correntes de educadores e instituições que defendem a posição de um ensino mais dinâmico, mais atual que cumpra o seu papel de preparar tanto jovens como adultos para viver nesta nova sociedade.

Nesta instabilidade do atual sistema de ensino surgiram novas correntes, novos métodos e padrões de ensino e também permanecem os defensores dos métodos atuais, mas espere um pouco… Tudo isso as vezes me aprece um pouco capitalista, comercial demais. Os novos métodos e ferramentas “para o ensino” são desenvolvidos e comercializados por empresas que visam o lucro. Não estou questionando o capitalismo nem tampouco o lucro das empresas pois sem elas (as empresas) e sem ele (o lucro) nossa sociedade entraria em colapso. O que estou tentando dizer é que no centro desta discussão, ou senão o responsável por ela está o principal sujeito de toda esta polêmica, o aluno, o qual erroneamente nem sempre é o motivo principal de toda esta “revolução educacional”.

Foco no aluno

Ter o aluno como centro das discussões sobre novos métodos, técnicas e ferramentas para o ensino é garantir máxima eficácia em uma efetiva apropriação dos conhecimentos pelos principais interessados no processo, os alunos, atingindo assim um dos principais e mais nobres objetivos da educação. Costumo dizer que nós, professores de hoje, somos muito eficientes, mas pouco eficazes em nossas atividades docentes. Realizamos nossa atividade docente com amor, cumprimos os currículos, atendemos as “estatísticas”, expectativas e Leis do governo, mas se pararmos pra pensar, será que isto é educação? Estamos cumprindo nosso papel? Cumprir formalidades, entregar documentos no prazo, aplicar provas, fazer a chamada e seguir as novas normas… isto é educar?

Mais uma vez, se colocarmos o aluno no centro da discussão veremos que muito do que fazemos em sala de aula, e até fora dela, é focada no sistema e não no aluno. Antes que alguém se zangue e diga “mas o sistema foi feito pensando no aluno” eu deixo aqui uma pergunta para reflexão: Em algum momento da elaboração do “sistema” o aluno esteve presente, foi representado ou pelo menos ouvido? Indo mais além, nos dias de hoje este aluno é ouvido pelos professores?

Prazer em aprender ou prazer em ir à escola.

Sei que não possuo “anos de experiência” docente e também não tenho a chamada “formação acadêmica” necessária para ser ouvido como muitos dos educadores e autores do atual sistema educacional, mas uma coisa eu sei: Não é preciso ter mais de 50 anos de experiência ou mesmo ser alfabetizado para perceber que tudo o que fazemos de livre arbítrio é mais prazeroso e efetivo. Seguindo esta lógica, basta estarmos satisfeitos com nossas atividades para realiza-las de maneira efetiva e com isso nos apropriarmos dos conhecimentos inerentes às referidas atividades de maneira natural e permanente. Em sua Teoria das Hierarquias, Maslow postula que as necessidades sociais surgem no comportamento, quando as necessidades inferiores encontram-se relativamente satisfeitas, as de nível superior passam a ser o foco de nossa busca. Entre outras, as necessidades sociais estão relacionadas às necessidades de associação, de participação, de aceitação por parte dos companheiros, de troca de amizade, de afeto e amor. O que está acontecendo é que com a ampliação da rede escolar, em alguns ambientes escolares existe uma diversidade muito grande de necessidades e anseios que devem ser atendidos das maneiras mais diversificadas ainda a fim de propiciar um ambiente agradável para que a educação possa ser efetivada. Não obstante a este fato, devemos ainda ressaltar os conhecimentos tradicionais que cada indivíduo possui. Concordo com Vygotsky quando este afirma que as crianças, bem antes de ingressarem na escola, já trazem uma bagagem de conhecimentos e que depois, qualquer situação de aprendizado que nela vivam, será confrontada com sua experiência social prévia. Neste caso a escola de hoje, em meu ponto de vista, ignora todo e qualquer conhecimento do aluno. Para o sistema educacional o indivíduo chega “vazio” e todo o processo educacional é baseado nesta premissa, gerando desinteresse e dificultando assim a assimilação/associação das bases e conceitos.

Mais uma vez questiono: Estamos preparados para esta nova realidade? Como identificar as necessidades dos alunos e o que pode ser feito ou qual método utilizar para supri-las? Será que professores e alunos estão conscientes de seu conhecimento?

Conclusões

Atrevo-me a fazer algumas afirmações e deixo este espaço aberto para receber comentários.

Precisamos atrair os alunos à escola. O desejo de adquirir conhecimento, fazer novas amizades, obter um crescimento intelectual e social desejado deve partir do aluno e não pode, de maneira alguma, ser compulsório através sanções ou coações da legislação que só visam números e estatísticas.

A docência deve ser encarada como profissão e não como complemento dos rendimentos (bico). Assim como o aluno, o indivíduo deve escolher a docência como algo que lhe trará conforto, prazer e satisfação, cabendo à esfera pública garantir a dignidade e respeito da profissão evitando assim o êxodo de bons profissionais da área da educação e a degradação da categoria pela exploração da força de trabalho.

A capacitação docente deve ser constante e também deve partir do professor. Cada um deve ter consciência de suas competências e habilidades e procurar sanar os desvios e a própria atualização profissional a fim de se adequar às novas realidades. À escola cabe fornecer infraestrutura e dar condições, inclusive financeiras, ao desenvolvimento profissional de seus colaboradores.

O velho mestre, a educação e a internet

FONTE: http://webinsider.uol.com.br/2007/10/18/o-velho-mestre-a-educacao-e-a-internet/

Em um dia de serendipismo científico encontrei na web um texto muito interessante para reflexão, o qual transcrevo na íntegra logo abaixo. A imagem foi por minha conta.

 

Nosso amigo encontrou um texto que recebeu da professora há mais de 30 anos. Falava justamente sobre a necessidade de atualização do ensino. Veja como ficaria adaptado aos dias de hoje.

Por Luiz Edmundo Machado

O Mestre acordou, abriu os olhos e estranhou o lugar onde estava. Lembrou que saiu da sala de aula, escorregou, sentiu uma dor na cabeça e mais nada…

Passou a mão pela cabeça e sentiu o cabelo comprido. As mãos enrugadas. Coçou o rosto e sentiu uma longa barba…

Procurou o espelho e o susto foi maior ainda – ao invés de um jovem com trinta e poucos anos já doutor em Educação, viu um velho enrugado. Assustou-se e gritou.

Uma enfermeira apareceu e também gritou a todos que o Mestre tinha acordado…

Disseram que ele dormiu 60 anos. Não era mais 1947 e sim 2007…

O professor tinha milhões de perguntas a fazer. A mente treinada em metodologia da pesquisa tentou classificá-las por ordem de importância, mas eram muitas… Somente uma pergunta pareceu adequada: “- O que aconteceu com o mundo e com o Brasil nesses anos todos?”
Várias vozes começaram a repetir frases com palavras que não conhecia. Então, como um bom professor, perguntou: “- Há alguma biblioteca onde eu possa pesquisar nos periódicos o que aconteceu?”

Todos se entreolharam. Os que entenderam o que ele quis dizer sorriram…

Alguém sugere que ele precisa se distrair um pouco e põe na mão dele o controle remoto da televisão. O professor olha espantado para a caixinha cheia de botões e não sabe o que fazer. Alguém toma a caixinha e liga a TV…

Ele deu um salto para trás, ao ver a caixa acender e alguém aparecer de dentro dela, narrando cenas que aconteceram no outro lado do mundo…

A mente treinada a aprender do professor pensou.. “Calma, é apenas um cinema portátil”. E perguntou: “- Quando ocorreu isso?”

Ao vivo, naquele mesmo momento, responderam. Ele sentiu um calafrio percorrer a espinha; se não fosse uma pessoa esclarecida teria deixado escapar a palavra que veio à mente: mágica!

Perguntou novamente sobre a biblioteca e disseram para ele procurar na internet…

“- Internet?”, perguntou…

Sim, responderam, a rede mundial de computadores. Ele arregalou os olhos… “- Computadores?”

Explicaram e ele ficou meio ressabiado. Pediu para ler um jornal, mostraram-lhe blogs em um aparelinho aberto com tela colorida. O professor se assustou ao ouvir que cada um podia escrever o seu jornal. E que poderia comentar as notícias que lia. E discordar do jornalista e ali mesmo colocar a sua opinião…

Pediu então uma enciclopédia atualizada. Mostraram a Wikipédia (”é só clicar nas palavras sublinhadas”…). “- E quem escreve tudo isso?”, perguntou. Qualquer um, responderam, atualmente são mais de 290.000 colaboradores…
“- Mas quem controla tudo isso? Quem comanda o trabalho? Quem diz o que escrever?”. A resposta foi: ninguém e todo mundo…

O professor pulou da cama. Ou o mundo estava louco ou ele estava. Saiu correndo, deixou o hospital e chegou à rua… Quase foi atropelado. Dezenas de carros, mais do que ele já havia visto em toda a vida, todos ao mesmo tempo na rua, acelerando, freando, buzinando…

Ele correu desesperado, ainda com a roupa do hospital, um roupão aberto nas costas…

Então reconheceu um prédio algo familiar. Sujo, pichado, mas reconheceu uma escola, uma escola pública…

Dirigiu-se para lá, entrou esgueirando-se e foi para o último lugar seguro de qual se lembrava, a sala de aula…

Sentiu um certo conforto: a mesma lousa, o mesmo tipo de cadeiras, que pelo desgaste deviam ser exatamente as mesmas de seu tempo… Encolheu-se em um canto e ficou ali, tentando colocar as idéias em ordem.

De repente entram os alunos, numa algazarra tremenda. O Velho Mestre enrubesceu…

Entra então o professor daquela turma, que tem um certo trabalho para controlar a classe e começar a aula. O Velho Mestre parece o único a prestar atenção…

Ele percebe que, apesar da falta de atenção dos alunos, apesar da falta de disciplina, a aula era exatamente igual àquela que ele ministrava….

Respira fundo aliviado e pensa: “Graças a Deus alguma coisa não mudou. Pelo menos a Educação no Brasil continua a mesma de 60 anos atrás!”