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Textos sobre edução, ensino, teorias da aprendizagem e assuntos relacionados.

Tempos Modernos da Educação

modern-times026 Hoje em dia tudo acontece muito rápido. As constantes mudanças nos meios de produção nos permitem aumentar a produtividade e a capacidade de criar bens e serviços cada vez mais dinâmicos e pertinentes a uma sociedade ansiosa por inovações. Tudo está em movimento, desde a indústria, o comércio, as relações sociais, a diplomacia, a política, os serviços enfim, o homem está vivendo uma evolução nunca antes imaginada. Em meio a este cenário a única coisa que me parece não ter seguido a mesma “onda evolucionária” é a educação. Há mais de 60 anos que vivemos um modelo de educação baseada na revolução industrial e este arcabouço educacional há muito deixou de suprir nossos anseios e necessidades sociais. O padrão de ensino que vivemos até hoje me faz lembrar o filme “Tempos Modernos” onde o professor vive a alienação de seu trabalho docente. Imagino o professor no papel de Chaplin, frente a uma esteira estudantil, “ensinando” freneticamente sem nenhum desvio de padrões, sem criatividade, sem emoções, apenas transmitindo sua força de trabalho “amarrada” a currículos, leis, modelos e um sistema que para os dias de hoje está ultrapassado.

Do outro lado existem as várias correntes de educadores e instituições que defendem a posição de um ensino mais dinâmico, mais atual que cumpra o seu papel de preparar tanto jovens como adultos para viver nesta nova sociedade.

Nesta instabilidade do atual sistema de ensino surgiram novas correntes, novos métodos e padrões de ensino e também permanecem os defensores dos métodos atuais, mas espere um pouco… Tudo isso as vezes me aprece um pouco capitalista, comercial demais. Os novos métodos e ferramentas “para o ensino” são desenvolvidos e comercializados por empresas que visam o lucro. Não estou questionando o capitalismo nem tampouco o lucro das empresas pois sem elas (as empresas) e sem ele (o lucro) nossa sociedade entraria em colapso. O que estou tentando dizer é que no centro desta discussão, ou senão o responsável por ela está o principal sujeito de toda esta polêmica, o aluno, o qual erroneamente nem sempre é o motivo principal de toda esta “revolução educacional”.

Foco no aluno

Ter o aluno como centro das discussões sobre novos métodos, técnicas e ferramentas para o ensino é garantir máxima eficácia em uma efetiva apropriação dos conhecimentos pelos principais interessados no processo, os alunos, atingindo assim um dos principais e mais nobres objetivos da educação. Costumo dizer que nós, professores de hoje, somos muito eficientes, mas pouco eficazes em nossas atividades docentes. Realizamos nossa atividade docente com amor, cumprimos os currículos, atendemos as “estatísticas”, expectativas e Leis do governo, mas se pararmos pra pensar, será que isto é educação? Estamos cumprindo nosso papel? Cumprir formalidades, entregar documentos no prazo, aplicar provas, fazer a chamada e seguir as novas normas… isto é educar?

Mais uma vez, se colocarmos o aluno no centro da discussão veremos que muito do que fazemos em sala de aula, e até fora dela, é focada no sistema e não no aluno. Antes que alguém se zangue e diga “mas o sistema foi feito pensando no aluno” eu deixo aqui uma pergunta para reflexão: Em algum momento da elaboração do “sistema” o aluno esteve presente, foi representado ou pelo menos ouvido? Indo mais além, nos dias de hoje este aluno é ouvido pelos professores?

Prazer em aprender ou prazer em ir à escola.

Sei que não possuo “anos de experiência” docente e também não tenho a chamada “formação acadêmica” necessária para ser ouvido como muitos dos educadores e autores do atual sistema educacional, mas uma coisa eu sei: Não é preciso ter mais de 50 anos de experiência ou mesmo ser alfabetizado para perceber que tudo o que fazemos de livre arbítrio é mais prazeroso e efetivo. Seguindo esta lógica, basta estarmos satisfeitos com nossas atividades para realiza-las de maneira efetiva e com isso nos apropriarmos dos conhecimentos inerentes às referidas atividades de maneira natural e permanente. Em sua Teoria das Hierarquias, Maslow postula que as necessidades sociais surgem no comportamento, quando as necessidades inferiores encontram-se relativamente satisfeitas, as de nível superior passam a ser o foco de nossa busca. Entre outras, as necessidades sociais estão relacionadas às necessidades de associação, de participação, de aceitação por parte dos companheiros, de troca de amizade, de afeto e amor. O que está acontecendo é que com a ampliação da rede escolar, em alguns ambientes escolares existe uma diversidade muito grande de necessidades e anseios que devem ser atendidos das maneiras mais diversificadas ainda a fim de propiciar um ambiente agradável para que a educação possa ser efetivada. Não obstante a este fato, devemos ainda ressaltar os conhecimentos tradicionais que cada indivíduo possui. Concordo com Vygotsky quando este afirma que as crianças, bem antes de ingressarem na escola, já trazem uma bagagem de conhecimentos e que depois, qualquer situação de aprendizado que nela vivam, será confrontada com sua experiência social prévia. Neste caso a escola de hoje, em meu ponto de vista, ignora todo e qualquer conhecimento do aluno. Para o sistema educacional o indivíduo chega “vazio” e todo o processo educacional é baseado nesta premissa, gerando desinteresse e dificultando assim a assimilação/associação das bases e conceitos.

Mais uma vez questiono: Estamos preparados para esta nova realidade? Como identificar as necessidades dos alunos e o que pode ser feito ou qual método utilizar para supri-las? Será que professores e alunos estão conscientes de seu conhecimento?

Conclusões

Atrevo-me a fazer algumas afirmações e deixo este espaço aberto para receber comentários.

Precisamos atrair os alunos à escola. O desejo de adquirir conhecimento, fazer novas amizades, obter um crescimento intelectual e social desejado deve partir do aluno e não pode, de maneira alguma, ser compulsório através sanções ou coações da legislação que só visam números e estatísticas.

A docência deve ser encarada como profissão e não como complemento dos rendimentos (bico). Assim como o aluno, o indivíduo deve escolher a docência como algo que lhe trará conforto, prazer e satisfação, cabendo à esfera pública garantir a dignidade e respeito da profissão evitando assim o êxodo de bons profissionais da área da educação e a degradação da categoria pela exploração da força de trabalho.

A capacitação docente deve ser constante e também deve partir do professor. Cada um deve ter consciência de suas competências e habilidades e procurar sanar os desvios e a própria atualização profissional a fim de se adequar às novas realidades. À escola cabe fornecer infraestrutura e dar condições, inclusive financeiras, ao desenvolvimento profissional de seus colaboradores.

O velho mestre, a educação e a internet

FONTE: http://webinsider.uol.com.br/2007/10/18/o-velho-mestre-a-educacao-e-a-internet/

Em um dia de serendipismo científico encontrei na web um texto muito interessante para reflexão, o qual transcrevo na íntegra logo abaixo. A imagem foi por minha conta.

 

Nosso amigo encontrou um texto que recebeu da professora há mais de 30 anos. Falava justamente sobre a necessidade de atualização do ensino. Veja como ficaria adaptado aos dias de hoje.

Por Luiz Edmundo Machado

O Mestre acordou, abriu os olhos e estranhou o lugar onde estava. Lembrou que saiu da sala de aula, escorregou, sentiu uma dor na cabeça e mais nada…

Passou a mão pela cabeça e sentiu o cabelo comprido. As mãos enrugadas. Coçou o rosto e sentiu uma longa barba…

Procurou o espelho e o susto foi maior ainda – ao invés de um jovem com trinta e poucos anos já doutor em Educação, viu um velho enrugado. Assustou-se e gritou.

Uma enfermeira apareceu e também gritou a todos que o Mestre tinha acordado…

Disseram que ele dormiu 60 anos. Não era mais 1947 e sim 2007…

O professor tinha milhões de perguntas a fazer. A mente treinada em metodologia da pesquisa tentou classificá-las por ordem de importância, mas eram muitas… Somente uma pergunta pareceu adequada: “- O que aconteceu com o mundo e com o Brasil nesses anos todos?”
Várias vozes começaram a repetir frases com palavras que não conhecia. Então, como um bom professor, perguntou: “- Há alguma biblioteca onde eu possa pesquisar nos periódicos o que aconteceu?”

Todos se entreolharam. Os que entenderam o que ele quis dizer sorriram…

Alguém sugere que ele precisa se distrair um pouco e põe na mão dele o controle remoto da televisão. O professor olha espantado para a caixinha cheia de botões e não sabe o que fazer. Alguém toma a caixinha e liga a TV…

Ele deu um salto para trás, ao ver a caixa acender e alguém aparecer de dentro dela, narrando cenas que aconteceram no outro lado do mundo…

A mente treinada a aprender do professor pensou.. “Calma, é apenas um cinema portátil”. E perguntou: “- Quando ocorreu isso?”

Ao vivo, naquele mesmo momento, responderam. Ele sentiu um calafrio percorrer a espinha; se não fosse uma pessoa esclarecida teria deixado escapar a palavra que veio à mente: mágica!

Perguntou novamente sobre a biblioteca e disseram para ele procurar na internet…

“- Internet?”, perguntou…

Sim, responderam, a rede mundial de computadores. Ele arregalou os olhos… “- Computadores?”

Explicaram e ele ficou meio ressabiado. Pediu para ler um jornal, mostraram-lhe blogs em um aparelinho aberto com tela colorida. O professor se assustou ao ouvir que cada um podia escrever o seu jornal. E que poderia comentar as notícias que lia. E discordar do jornalista e ali mesmo colocar a sua opinião…

Pediu então uma enciclopédia atualizada. Mostraram a Wikipédia (”é só clicar nas palavras sublinhadas”…). “- E quem escreve tudo isso?”, perguntou. Qualquer um, responderam, atualmente são mais de 290.000 colaboradores…
“- Mas quem controla tudo isso? Quem comanda o trabalho? Quem diz o que escrever?”. A resposta foi: ninguém e todo mundo…

O professor pulou da cama. Ou o mundo estava louco ou ele estava. Saiu correndo, deixou o hospital e chegou à rua… Quase foi atropelado. Dezenas de carros, mais do que ele já havia visto em toda a vida, todos ao mesmo tempo na rua, acelerando, freando, buzinando…

Ele correu desesperado, ainda com a roupa do hospital, um roupão aberto nas costas…

Então reconheceu um prédio algo familiar. Sujo, pichado, mas reconheceu uma escola, uma escola pública…

Dirigiu-se para lá, entrou esgueirando-se e foi para o último lugar seguro de qual se lembrava, a sala de aula…

Sentiu um certo conforto: a mesma lousa, o mesmo tipo de cadeiras, que pelo desgaste deviam ser exatamente as mesmas de seu tempo… Encolheu-se em um canto e ficou ali, tentando colocar as idéias em ordem.

De repente entram os alunos, numa algazarra tremenda. O Velho Mestre enrubesceu…

Entra então o professor daquela turma, que tem um certo trabalho para controlar a classe e começar a aula. O Velho Mestre parece o único a prestar atenção…

Ele percebe que, apesar da falta de atenção dos alunos, apesar da falta de disciplina, a aula era exatamente igual àquela que ele ministrava….

Respira fundo aliviado e pensa: “Graças a Deus alguma coisa não mudou. Pelo menos a Educação no Brasil continua a mesma de 60 anos atrás!”

Inovação caótica.

Todo processo de aprendizagem gera desconforto e não seria diferente nesta nova modalidade de ensino (EaD), e com um agravante, somos todos marinheiros de primeira (ou até segunda) viagem. Todo processo de inovação, de certa forma inicia-se de maneira caótica, as tecnologias parecem ser “despejadas” no mundo por um ser extraterrestre e nós temos que digerí-las a nosso próprio modo.
Neste cenário, não há como prever com clareza e precisão o que irá acontecer. Assim como nós, educadores, os alunos também estão se adaptando a estes novos meios de comunicação como ferramenta de aprendizagem. Cabe a nós dar tempo ao tempo e compreender que cada um possui um ritmo, uma maneira diferente de aprender (GARDNER). Deste modo devemos agir sempre com cautela e respeito com o próximo pois assim conseguiremos estabelecer laços fortes de confiança e todo o processo de apropriação dos conhecimentos se dará de maneira mais natural.

Ser ou não ser (educador), eis a questão.

Após a leitura de vários textos acerca de EaD garimpados na internet eu comecei a refletir sobre o que é ser tutor ou mediador. Cheguei a conclusão que não importa o nome que se dá ao sujeito da ação ou do processo de ensino. Seja Tutor, Mediador, Professor, Mestre, Orientador, etc. todos são educadores. Partindo do pressuposto que educador e educando constituem a simbiótica teia do conhecimento, não importa a nomenclatura dada a este sujeito e sim o cerne que o faz executar seu trabalho. Independente do nome inferido a este personagem que se dispõe a participar do processo da construção dos conhecimentos, é dele a responsabilidade de condução do processo de ensino fazendo com que todos se apropriem dos conhecimentos utilizando para isso as mais variadas ferramentas, métodos e conceitos disponíveis.
Atualmente, as Tecnologias da Informação e Comunicação constituem-se em ferramentas que, quando utilizadas de forma estruturada e organizada potencializam a forma como nós, educadores, trabalhamos para construir o conhecimento. Mesmo com todo este potencial, posso afirmar ainda que as TIC´s são apenas ferramentas e meios para a eficácia do processo da construção dos conhecimentos. Devemos lembrar que o ator principal é o aluno e é por ele que devemos nos empenhar em aperfeiçoar, adaptar e utilizar estas ferramentas e métodos.
Concluo que quando encontrarmos a resposta à pergunta "Ser ou não ser", perceberemos que não importa o nome que será dado a nossa profissão e sim o benefício e satisfação que ela nos trará.

EaD – Ser ou não ser, eis a questão…

São muitas as opiniões sobre ensino à distância. Especialistas, Educadores, Legisladores, a própria população e usuários dos sistemas de EaD divergem sobre sua eficácia e métodos utilizados. Acho que todas estas opiniões incluindo as críticas tem razão. Questionar algo é muito perspicaz e faz parte do processo de construção do conhecimento de qualquer indivíduo quando este se coloca como sujeito ou parte do processo de aprendizagem.

Me sinto inquieto quando vejo pessoas questionarem o EaD sem que ao menos conheçam do que estão falando. Também discordo dos que defendem fervorosamente esta modalidade de ensino sem aceitar que existem muitos problemas a serem resolvidos.

Acho que o primeiro passo é entender que estamos passando por um processo de transformação dos meios de comunicação e isto inclui o educador já que este faz parte do processo de “comunicação(1)”. Pierre Lévy, em seu livro Cibercultura, introduz alguns conceitos fundamentais para que possamos compreender melhor o que está acontecendo nos dias de hoje. É uma leitura que creio ser obrigatória antes de qualquer questionamento sobre EaD. Abaixo está uma entrevista com Lévy que resume bem o que o autor pensa sobre estas mudanças. Gostei muito de sua última fala:

"Não se trata de se adaptar às tecnologias…  mas de acompanhar a mutação da civilização global."

 

 

Como sugestão, devemos observar que em meio a inúmeras opiniões divergentes e convergentes sobre o Ensino mediado por tecnologias, nós devemos construir nossa própria opinião equilibrando todos os pontos de vista com uma certa dose de bom senso e baseado nas teorias e nos autores que se enquadram melhor em nossa “maneira de ver o mundo.”

Enquanto isso, aceitar ou repudiar uma crença, raça ou tecnologia baseando-se só na opinião de “outras pessoas” é, sem sombra de dúvida, mais um preconceito que impede nosso desenvolvimento humano e social.

 

Notas de Rodapé:

(1) – CONCEITO ETMOLÓGICO – comunicação vem do latim “communis”, comum; idéia de comunhão, comunidade; comunicar significa tornar comum, estabelecer comunhão, participar da comunidade, através do intercâmbio de informações.

Opinião sobre EAD, vantagens/desvantagens e Ambiente Virtual de Aprendizagem.

Texto construído com base no material “Características da EAD”, “EAD Vantagens e Desvantagens” e “Ambiente Virtual de Aprendizagem” fornecido no curso de capacitação da UNIVESP em parceria com o Centro Paula Souza. (Agosto/2010)

Inicio meus comentários fazendo alguns recortes do texto “Características da EAD”:

“…para que ocorra a aprendizagem não há necessidade de alunos e professores compartilharem o mesmo espaço físico em um mesmo momento…”, sendo assim, “…os alunos de EaD precisariam desenvolver uma capacidade de autonomia e independência em seus estudos, ao mesmo tempo em que sejam capazes de lidar bem com a ansiedade do estudo solitário…”

Concordo plenamente com estes conceitos, mas acreditar que só pelo fato dos nossos jovens estarem aptos a utilizar as novas tecnologias de comunicação os tornam aptos a cursar disciplinas no sistema EAD eu acho um pouco presunçoso demais. Por melhores e mais desenvolvidas que sejam as ferramentas, o indivíduo (aluno) deve estar preparado para assumir sua própria educação e neste caso eu acho que nosso sistema educacional tradicional contribuiu para criar um paradigma de que só há educação na escola (física) e que sempre há necessidade de um Professor (presente) para que haja educação. Desde a época de nossos avós e bisavós se acreditava que “só se aprende na escola”. Em minha opinião, é este paradigma que deve ser quebrado e o ponto chave é esta consciência individual de que todos nós podemos aprender independente dos espaços físicos, ambientes e ferramentas.

Já existem diversos movimentos que seguem neste caminho da “auto-aprendizagem” ou do aprendizado contínuo que perpassa os muros da escola convencional. Entre eles posso citar o movimento conhecido no Brasil como “Escola Nova” influenciada pela corrente progressivista de John Dewey ou outras linhas de pensamento como a piagetiana e montessouriana. Um Bom exemplo destas novas linhas de pensamento em educação é a escola Lumiar “…que valoriza a aprendizagem significativa, a convivência democrática e a autonomia de cada indivíduo…”, veja mais em http://www.lumiar.org.br.

Dentre os termos mais utilizados em EAD eu aprecio muito o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem. Este termo, se levado ao pé da letra, me faz pensar em um local, não físico, onde é desenvolvida a aprendizagem, mediada ou não. Isto me parece o mais próximo de uma realidade em Educação á Distância pois gosto de pensar que o ambiente está lá, se eu ou o aluno vamos “entrar” para “aprender” algo é outra história.

Desta forma, enquanto não cultivarmos esta consciência coletiva sobre “educação sem fronteiras” acho que as vantagens das ferramentas de EAD não superam a contento as desvantagens ou os problemas que ela trará.

Uma coisa me parece clara, estamos no caminho certo, e quando conseguirmos “derrubar os muros” da escola tradicional e vencer este paradigma educacional, aí sim o EAD poderá se tornar uma poderosa aliada na construção do conhecimento.

Ensino à Distância – Para onde vamos?

(Comentário ao texto “Conceitos Básicos de EAD” de Eduardo Chaves, apresentado na Capacitação em EAD da UNIVESP em parceria com o Centro Paula Souza) 

Concordo plenamente com Eduardo Chaves quando ele coloca a dicotomia entre ensino e aprendizagem. O ensino é uma ação que pode ou não resultar em aprendizagem.
O livro, como o próprio Chaves menciona, foi o primeiro recurso de EAD que nós tivemos acesso e desde então a única coisa que mudou foi o alcance propiciado pelas tecnologias e variações de divulgação dos "conhecimentos enlatados", as práticas pedagógicas, a metodologia e a didática continuaram as mesmas. Com a massificação das comunicações, educadores que apenas se adaptaram as novas tecnologias não conseguem seguir o ritmo dos jovens de hoje, pois estes estão em constante mudança de paradigmas e de tecnologias, ansiando por inovações a um ritmo frenético. Neste ambiente, professores que apenas transcrevem seu material para o PowerPoint e "passam por e-mail" mas continuam a lecionar da mesma maneira que a 20 anos atrás, não atingem as expectativas dos alunos e portanto não conseguem a atenção necessária para a efetivação da aprendizagem. Nas palavras de Eduardo Chaves "A escola, como a conhecemos, representa um modelo de promoção da educação calcado no ensino, que foi criado para a sociedade industrial (em que a produção em massa era essencial) e que não se adapta bem à sociedade da informação e do conhecimento – na verdade é um obstáculo a ela ."
Nesta mesma linha de pensamento, Piaget afirma que o sujeito da aprendizagem (aluno) é um ser ativo e que para haver apropriação dos conhecimentos este sujeito precisa estabelecer uma relação de troca com o ambiente ou objeto, num sistema de relacionamento vivenciado e significativo, uma vez que a aprendizagem (para Piaget) é o resultado de ações do indivíduo sobre o meio em que vive. Desta maneira, se não houver uma relação forte, não haverá uma aprendizagem significativa.
Neste sentido, ainda fico um pouco “desconfortável” com o modelo de educação AMT (Aprendizagem Mediada pela Tecnologia) colocado por Chaves pois continuo com a convicção de que apenas a mediação da tecnologia não garante o aprendizado.

Em relação a questão abordada no texto: "São o Ensino Presencial e o EAD Equivalentes?"
Em termos de "ensino", como foi definido no texto, ambos são equivalentes pois só estou alterando o canal, o meio de comunicação, mas devemos pensar não só no processo mas também nos objetivos da educação e nos resultados esperados. Se o resultado esperado é a apropriação dos conhecimentos pelos alunos, então esta discussão terá de esperar mais alguns anos a fim de que possamos ter dados e argumentos suficientes para analisar se o ensino presencial e o EAD são realmente equivalentes.

Concluindo, acho que os alunos deveriam se sentir motivados em participar de um ambiente escolar, em outras palavras, deveriam "ter vontade, sentir prazer em frequentar a escola” e não apenas acordar cedo para ir "por obrigação" a um ambiente onde ele não se sintam bem. Esta motivação, em minha opinião, só ocorrerá quando as práticas acadêmicas deixarem de ser tão “industrializadas e padronizadas” e os modelos de ensino permearem mais os novos conceitos de flexibilidade, abrangência e metodologias atraindo e aproximando o sujeito (aluno) do objeto (ensino). Isto tudo pode ser auxiliado pelas ferramentas ead desde que todos os envolvidos neste processo tenham consciência dos objetivos a serem alcançados.

Pedagogia de Projetos e Projetos de Aprendizagem

 

Como indicação, deixo o artigo “A prática da aprendizagem por projetos em três óticas distintas” de Leandra Martins de Oliveira e Paulo Cezar Santos Ventura.

Também sou defensor e gosto de pesquisar sobre esta linha de pensamento que versa sobre “Pedagogia de projetos e/ou Projetos de Aprendizagem” e por isso achei muito rico o texto “A Pedagogia de Projetos de Aprendizagem” produzido por Eduardo Chaves e destaco algumas passagens:

“…educar é desenvolver as competências que tornam uma pessoa capaz de viver uma vida autônoma, produtiva e responsável.”

Concordo com Chaves e digo mais, isto deve ser feito com satisfação e prazer do aluno e professor.

É por isso que o maior desafio da escola é motivar os alunos – fazer com que se interessem em aprender aquilo que o professor está tentando ensinar e que, em geral, está muito distante de seus interesses.

Um das razões da falta de estímulo pode ser encontrada nete trecho:

Primeiro, na escola o aprender desvincula-se do brincar e se torna uma obrigação. Falando mais tecnicamente, na escola corta-se o vínculo anteriormente existente entre processos cognitivos e processos vitais – entre aprendizagem e vida, entre aprendizagem e experiência.

Como também gosto da teoria das inteligências Múltiplas de GARDNER, este trecho que fala da escola tradicional me chamou a atenção:

“…estipula-se que todos devam aprender as mesmas coisas, pelos mesmos métodos, nos mesmos ritmos e nos mesmos momentos – independentemente de seus interesses, de suas aptidões, de seu estilo cognitivo, de seu estado de espírito, etc.

Existem trechos muito interessantes que apontam os problemas do atual sistema de educação.

“… o modelo ou paradigma é ainda mais malévolo, pois a atenção da escola concentra-se nos eventuais “pontos fracos” das crianças, tendo em vista o objetivo (que a escola compartilha com a linha de montagem da fábrica) de que todas as crianças estejam “padronizadas” (e, portanto, sejam intercambiáveis) ao final do processo. Assim, se uma criança gosta de escrever e sabe escrever bem, mas não gosta de matemática ou desenho, nem é muito competente nessas áreas, a escola a obriga a concentrar a atenção nas coisas que ela não gosta de fazer e a deixar de lado os seus interesses.

Mas, por fim, o professor teria a função de inspirar o aluno (até mesmo pelo seu exemplo) e de ajudá-lo a vislumbrar novos horizontes. Vou transcrever aqui uma pequena passagem do grande escritor americano, John Steinbeck, que dá uma boa idéia do que quero dizer:

Seres humanos elaboram projetos de longo prazo porque eles são capazes de sonhar. Dizem que o ser humano, quando olha ao que está aí, e se pergunta “por quê?”, está pronto para filosofar. Mas quando o ser humano olha para o que não está aí, e se pergunta “por que não?”, ele está pronto para elaborar um projeto.

Este trecho me lembrou de uma frase de George Bernard Shaw que utilizo em sala de aula e diz mais ou menos assim:

“Existem pessoas que vêem as coisas como são e perguntam por quê? Eu sonho com coisas que ainda não existem e pergunto por que não?

Nesta mesma linha de pensamento (Pedagogia de Projetos), em agosto de 2009, pouco antes de ter meu projeto premiado pela Microsoft, escreví um artigo para uma disciplina de mestrado falando sobre “A Pedagogia de Projetos e a Construção do Conhecimento Científico” onde abordo, dentre vários outros autores, a teoria construtivista de Piaget, que também está presente no artigo “PROJETOS DE APRENDIZAGEM BASEADOS EM PROBLEMAS: Uma metodologia interacionista/construtivista para formação de comunidades em Ambientes Virtuais de Aprendizagem”, indicado pela professora Marisa Demarchi.

Possuo mais materiais em meu site sobre Pedagogia de Projetos pois estou cursando mestrado como aluno especial e pretendo defender algo dentro do tema Pedagogia de Projetos e CTS. Ainda estou organizando alguns textos e outro artigo que escreví e refazendo integralmente meu site. Provavelmente até o final deste mês espero publicar o novo layout e novos materiais em http://www.vazzi.com.br.

É fácil falar difícil?

Após ler algumas postagens nos Blogs de meus companheiros educadores acho também posso exemplificar uma atitude que pode e deve fazer parte do cotidiano de todos os professores.

Em uma brincadeira ao final da aula estava comentando com um grupo de alunos sobre as Leis e eles me disseram como é complicado entender as Leis e os termos jurídicos utilizados. Então disse que não é difícil entender, basta ter paciência e um bom dicionário para “traduzir/interpretar” o que os textos estavam dizendo. Rapidamente veio a idéia de uma atividade. Desafiei os alunos a escreverem um texto curto mas com palavras tão incomuns (ou difíceis) que ninguém conseguiria entender. Orientei que eles escrevessem o texto normalmente e em seguida utilizassem um dicionário para buscar sinônimos e substituir o máximo possível de palavras e frases, a fim de tornar o texto mais complexo, entretanto, sem perder o sentido. Eu também entrei na brincadeira e escrevi o texto abaixo e pedi que eles interpretassem:

Que me indultem os neófobos mas filoneísta nato que sou, complacente rogo discernimento resguardando que a tecnologia descerra novos horizontes. Ávido em alçar as tecnologias ao seu digno posto, obstino em minha missão docente.

Acho que exagerei um pouco no texto mas no final “logrei êxito” em minha atividade pois consegui fazer com que os alunos perdessem o medo (e a preguiça também) de procurar em um dicionário as palavras que não entendiam e facilitei o enriquecimento de seu vocabulário. Após a atividade, passei alguns sites de dicionários on-line a fim de incentivá-los a continuar buscando por estas informações mesmo que não tenham um dicionário por perto.